Do fazedor de Cacimba.

El ciclope mecânico aprumando a poupa e afiando o cabedal rimou no espelho que se visse alguém de seu sangue cantaria ao desafio de navalha estilo oitentas, para lá de ganga e bigode, joelhos cruzantes, mãos trementes e olhares berrantes.

Que enquanto cruzante de pista lhe chamavam peregrino de Imaú, gritante da categórica euforia que sincroniza nos poro femininos a blasfémia constante do engate perfumado a flor de lis e magenta, sabe-se bem. Mas desconhecia-se desde há muito a investida do quadril em kizomba, a encarnação do fazedor de fotogramas na pictórica razão do viajante de xanata e cantante loud.

É sobe a dual constante nocturna de som/tensão que se constrói o seu jardim, que crescem os verdejantes e icónicos saberes em electrónica sintonia com o espaço viral. Sublinha: "Saber pensar não é uma arte rentável. Querer saber não é um desafio que por demais se ilustre. E quando se é os sinais que se cria, adormecemos no que fomos sendo ."

Em rima no espelho o aprumado ciclope da poupa de cabedal escreve no húmido "como se apenas nós os dois pudéssemos ver agora para repeti-lo quando quisermos". Dói-me. Sangra. E morri.

Mas passara pouco tempo desde o nascimento da virginal jovialidade, e os gritos ouviam-se em todo o iluminante despertar da Cacimba Rouge.


Ervas daninhas. Ervas das minhas.

Caso 1 - O máquina avariou-se.

Preocupou-me toda a noite o problema do computador. Mal consegui dormir. Sonâmbulos períodos de um dormente repousar fizeram do tempo nos lençóis um contínuo e inacabado (ainda) momento de exaustiva batalha contra o calendário de remendos do dia póstumo.
O despertador não tocou a acordar o dia, quando já o próprio, há tanto tempo quanto demoram a passar dez minutos em inércia matinal, tinha dito de sua justiça "Hoje serei cinzento e deixarei o sol iluminar de luz dura apenas uma vez lá mais para o cair da tarde".
Ainda sentado a meio caminho entre a cabeceira e o pés da cama, mas ainda não entendendo a designação atribuída ao local onde, durante o repouso, repousamos os nossos pés, já que as camas não os podem ter, como consequência da sua condição de imobilidade, questionava-me sobre quais seriam as melhores hipóteses de depois de dentes e cara lavados, pequeno almoço comido, aceder à rede para verificar a correspondência que entre zeros e "um's" lá se vai estabelecendo.
Ora como é sabido da grande maioria, e certamente, estou convicto, que do leitor que por aqui passa os olhos também, para verificar os fluxos de entrada da minha caixa de correio cibernética bastar-me-ia aceder por breves minutos a um qualquer computador com acesso à maior rede que o homem já criou.


Caso 2 - A vizinha

Da mesma forma que o elefante Salomão tornou uma viagem de Lisboa para Valladolid, e depois daqui para a Áustria, um acontecimento em tudo diferente das anteriores viagens com este percurso, apenas porque fazia parte integrante e importante da grande expedição, existem pessoas que conseguem criar na sua viagem momentos de distinta eleição.
Faz hoje alguns anos que a propósito de uma conversa sobre o consumo de estupefacientes leves (atribuição dada por alguém, e que se banalizou, com poucas referências de comparação, por entre uma enormidade de pessoas que nunca questionaram esta qualificação) me foi dado a conhecer que em países em que o cuidado com as pessoas e a responsabilidade quanto à execução de procedimentos que tendam a melhorar a saúde destas existem, o uso clínico de erva não só tinha há muito sido aprovado como se tinha tornado uma prática médica usual em determinados casos, especialmente em pacientes de doenças irreversíveis.
Por este motivo, recordo-me de ter contribuído, com o que pude na altura, para uma aprendizagem e uma vontade que nem Deus nem o Homem teria a ousadia de questionar ou condenar.
E por isso mesmo, a vizinha, nesse dia, experimentou os socialmente exorcizados efeitos do THC sob a luz de uma evoluída visão minoritária que se congrega em torno da melhoria do dia-a-dia de doentes que não poderão em vida vencer a doença, e que por isso querem ir sorrindo até à chegada ao purgatório. Para que nesse encontro com o juízo final tentem encher de juízo a errante mente do criador que criou um espécie de seres tão errada.


caso 3 - Caminharás pelos teus pés e trarás até nós as imagens do teu percurso.

Como tantas vezes me acontece na vida, questionei-me, embora soubesse há muito que a resposta era a inevitável. Disse eu "Um bocado, mas quanto?", "Alguma quantidade, não sei ao certo porque não percebo ainda o suficiente disto, mas vê tu e diz-me de tua justiça". Vi sim. E concretizei com espanto, "Quase que dava para irmos todos presos". "Então que me levem, gastarão mais dinheiro comigo presa do que se me deixarem sossegada entregue à minha viagem, por isso se quiseres podes explicar-me o que fazer e se o que aqui temos é robusto".
O passeio começou. Fumegantes segundos de análise, e preponderantes tremeliques da mão que segurava o rato (aproveito, com isto, para recordar o leitor que foi a saga do computador que a tudo isto deu origem). Cuidado com isto, não vivemos em Agrestics e aqui não há cartão de dosagem medicamente prevista. Não que isto mate alguém, mas um bocadinho em exagero pode fazer suar quem menos espera e não se querem problemas de maior.

No fim pus a cabeça enrolada em papel de arroz no boião de tampa laranja. Arrumei o que tinha a arrumar e despedi-me da vizinha.

Momento bom para situar o leitor num facto que antes não tinha constado deste resumo. A minha mãe encontrou-se em cena durante todo o acto. Teve um ou outro momento de participação comunicativa e assistia atenta do sofá ao lado a tudo o que de novo acontecia ou era dito na sala.


Caso 4 - Os afazeres que me esperam ainda.

O despertador tocou há hora esperada. Estiquei as costas ao acordar e sentei-me entre a cabeceira e os pés-da-cama. Pus os pés no chão e fixei o boião de tampa laranja. o que Salomão viajou eu não vou viajar, e nesta minha viagem eu não sou Salomão. Hoje fico aqui e leio as cartas. Amanhã, depois, contarei as vezes que Salomão se me cruzou na vida e que vida ele me trouxe à viagem.