É mesmo só isto.


Todas as possibilidades que tentamos prever para a nossa vida ao longa da vida serão sempre vãs se as jogarmos de frente contra um qualquer, mas verdadeiro, final. É que não se trata de gostar de escrever sobre temas, como direi, negativos, como há dias me diziam.Não escrevo sobre o que me apetece tanto quanto na realidade gostava. Mas de uma forma até tanto mais feliz do que o tema em particular, ocorrem-me coisas. A todos ocorrem coisas, é verdade. Mas se fizer alguma diferença, eu acho que me ocorrem coisas que são muitas outras coisas. E passam-me frases curtas que transportam tudo o que já lá vem, mas que só depois descubro. Esta é a história do Albertino. O passeador de cordas, guilhotinado naquela tarde de sol pela outrora implacável natureza das naturezas mortas. Não só porque morreram, mas principalmente porque Adalberto as recorda ainda vivas.  Coloridas. Mas os vermelhos não são assim tão garridos como esses em que pensaste, nem existem árvores nesta história. Só mesmo duas salas. Uma vazia. Uma vazia com um roupeiro cheio de pó e um quadro. E Adalberto com as suas cordas entre as duas. Esta é a verdadeira história do rei que partiu, mas que não foi esquecido. Deixou para trás o que nunca deixou de se ouvir. Preferes que te desapareçam ou que te vão desvanecendo? 
À entrada para o excerto da gritaria enche-te de ar, estás aqui para ficar, e o Adalberto corda solta que sempre preferiu o azul ao preto, sabe que lhe pedem isto, mas que no final das contas pagará por aquilo. É sempre assim. Nem se sabe bem o que buscar, quando mais procurar onde. Ou nos cai na pauta, ou puta que os pariu, que isto é tudo muito bonito mas a mim, pessoalmente, já me cansa.
Cópias, clichés, papéis machés e outros tantos que tais. Palavras, e palavras, e palavras. E na imaginação, imagens e mais imagens. Tintas ou cordéis, traços ou pincéis. Rimas baratas de algibeira.
Ou se desaparece de uma vez, ou vai-se desaparecendo. Qual delas escolherá Adalberto, aberto a tudo, fechado outra vez?